Por quê não esperar?

Entre ânsias e agonias cabe a pergunta, por quê não esperar? Ultimamente eu vinha sendo aflingindo pelo mal que assola grande parte da juventude, a urgência. Essa gana exarcerbada por sucesso e reconhecimento que invade quem vive a vida a 300 por hora entre trabalho, faculdade, projetos pessoais, e zilhões(que palavrinha feia) de idéias inovadoras que não saem do papel.

No entanto, levando em consideração as horas de esforço em busca do sucesso, consideremos aí 10 horas no expediente de trabalho, mais 4 na faculdade, os deslocamentos e o estudo em casa, o que me tomam por volta de 16 horas por dia que somadas às 6 horas de sono ( à muito tempo não durmo 8 horas) totaliza 22 horas me deixando apenas 2 horas de folga para viver, nas quais estou geralmente dedicado às necessidades fisiológicas ou preocupado demais com trabalho/estudo para me interessar por qualquer outra coisa. Então se os resultados financeiros e de reconhecimento estivessem de fato chegando será que eu teria tempo para desfrutá-los?

O mais desesperador de tudo é perceber que essa corrida maluca é em busca de objetivos derivados de padrões de consumo e de imagem imposto por uma sociedade autodestrutiva que se consome em si mesma e não dá mais conta das anomias sociais que a infestam. Da violência, passando pela corrupção e chegando à pobreza e a fome, temos a imagem do ser humano que esquece de ser humano para ser uma cifra, um título ou estereótipo.

Por isso estou oficialmente dando um chutão nos projetos e às preocupações com a carreira( ao menos durante essas férias de inverno), estarei me dedicando um pouco a ler meus livos que abandonei, a ver os amigos que não visito mais com aquela frenquência, e abeijar minha esposa mergulhando bem fundo naqueles olhinhos verdes de atriz de cinema, e quem sabe pegar minha moto e ir para a bela orla de atalaia admirar as estrelas.

A carreira que me espere, a desacelerada é mais que necessária. Não quero corre o risco de vir a óbito antes de desfrutar plenamente do sabor de viver.