Concursites

Nesse últimos anos uma febre de concursos públicos tem tomado conta de nosso país. Milhares de estudantes de nossas universidades preparam-se para concurso deixando de lado a profundidade cientifica que espera-se de um futuro bacharel, para solicitar aos professores uma “dica” para as questões do concurso do momento. Alguns recém-formados deixam de inserir-se no mercado de trabalho para passar temporadas que podem ultrapassar 2 ou 3 anos apenas dedicando-se à preparação para os concursos. Outros ainda, apesar de já estarem trabalhando, cumprem suas obrigações da maneira mais superficial possível e deixam escapar o início de uma carreira próspera em busca do sonho dourado na ilha do emprego estatutário.

Não que todas essas pessoas tenham vocação para a carreira pública. O caso é que uma enorme distorção de realidade que se entranha desde o sistema educacional, passando pela estrutura tributária e pela disparidade salarial e de benefícios entre as carreiras celetistas e estatutárias, sobretudo nas fases iniciais da carreira, provoca essa busca desenfreada pelos concursos.

Em primeira instância o servidor público tem estabilidade, salários em média muito mais altos que os praticados pelo mercado e uma série de comodidades que se leva anos para conquistar na iniciativa privada. Isso tudo se dá por que o custo da carga tributária e das obrigações trabalhistas onera demais as empresas e, muitas vezes, torna-se impossível conciliar lucros e bons salários. As autoridades argumentam a defesa dos direitos dos trabalhadores e o perigo de falência do nosso sistema de previdência quando se toca no assunto de redução de alíquotas, mas a maioria dos trabalhadores trocaria de bom grado a possibilidade remota de aposentadoria com um salário de miséria, que diminui a cada ano, e um sistema de saúde precário, por salários mais dignos e benefícios que o permitam ter mais qualidade de vida e cuidar de seu futuro por conta própria. Há ainda a falta de estimulo de nosso sistema educacional, desde o básico ao superior, no sentido de despertar o empreendedorismo no espírito dos jovens estudantes.

Diante dessa realidade, esses jovens estão certos em procurar uma carreira que lhes proporcione mais qualidade de vida e não há no que recriminá-los. O peso das conseqüências deve recair sobre os que alimentam essa situação uma vez que colaboram para a fuga de mentes brilhantes e mão-de-obra capacitada de onde elas poderiam estar produzindo e multiplicando riquezas, para postos em que alguém com muito menos conhecimento técnico e qualificação poderia dar conta do recado com sobras.

O resultado desse desequilíbrio é que o Brasil pode acabar deixando passar a chance de ouro de aproveitar um momento incomparável de pujança econômica por que aqueles que poderiam ser executivos, gerentes, e mesmo fundadores das novas maiores empresas do pais estão em casa decorando o estatuto do funcionalismo público da união no lugar de estarem arregaçando as mangas para transformar nossa nação num pais desenvolvido.

Nerdices


Lembro-me de assistir, quando criança, a reprises de filmes onde os chamados nerd's apareciam como aqueles seres feios e quase alienígenas de óculos enormes e calculadoras nos bolsos, criando situações engraçadas em que usavam sua inteligência para se vingar dos valentões. Era engraçado por que era ridículo. Na sociedade americana os nerds costumavam ser os maltratados.

No nosso país tupiniquim, no pequeno estado de Sergipe, e para ser mais específico, na vida desse que vos escreve, a história era semelhante. Fã de quadrinhos, amante da literatura e viciado em rpg (role playing game, não a fisioterapia), com a visão comprometida pelas madrugadas de leitura, tive que ser uma criança e depois um adolescente marcado como alvo para as piadas. Na escola meu gosto para com a história e a geografia e o estímulo que recebia dos professores na forma de debates aprofundados sobre os temas de estudo me marcaram como paria social.
Hoje dá prazer de lembrar que as horas de estudo sobre temas muito incomuns para um jovem da minha idade renderam frutos, aos 23 anos prestes a me formar em contabilidade e pensando em retomar a faculdade de direito trancada no 5º periodo em paralelo com uma pós-graduação que deverão somar 12 anos de estudo de nível superior aos 26 anos de idade, casado com uma mulher linda que se apaixonou por mim depois de assistirmos a um show de Francis Hime com a orquestra local, bem empregado e tendo realizado alguns dos sonhos da classe média (casa e veículo próprio), vejo feliz que os nerds estão na moda.
Basta a olhar na programação da TV e perceber que as séries de sucesso são voltadas para o conhecimento científico, Da medicina mau-humorada de House, à ciência técnica de CSI, passando pelo nerdismo descarado de Big Bang Theory, os nerds tem dado muita audiência. Além disso vemos jovens brilhantes criando do nada empresas multimilionárias que comandam a economia mundial e transformam a realidade de pessoas por todo o planeta. Se na época dos filmes de James Dean os carros envenenados eram símbolos de status entre os jovens, basta entrar em qualquer comunidade virtual de jogos, videos, e outros, para perceber que quando se pergunta " E aí, qual é a sua máquina? " não existe a mínima referencia ao meio de transporte, mas ao computador.
Sinto uma felicidade esmagadora ao perceber que depois de séculos do declínio dos fundadores gregos da democracia nossos tempos dão sinais de que voltaremos a viver num sociedade do conhecimento.

As MPE's, os empregos e os Universitários


É fato, e os institutos de pesquisa comprovam, as micro e pequenas empresas, apelidadas de MPE's, são proporcionalmente as maiores empregadoras do país, com destaque para as que trabalham na aréa de prestação de serviços.
São também as empresas com maior índice de mortalidade nos primeiros anos de vida.
Por que isso acontece? Bom, esta é uma pergunta fácil de responder.
Devido à sua natureza, a maioria dessas empresas são abertas e geridas por pessoas pouco preparadas do ponto de vista técnico, tem características de negócios familiares, pouco capital de giro e estrutura para segurar o barco durante as intempéries, e dessa forma, quando se defrontam com o concorrência feroz de quem tem mais nome, mais tempo de mercado, experiência e recursos, bem como com a dura realidade tributária e creditícia do país, afogam-se antes de sequer vislumbrar a praia.
Surge então um outro questinamento, porque , já que passamos por tempos de crescimento econômico e fortalecimento do mercado interno, as pessoas tecnicamente preparadas não arregaçam as mangas e vão abrir suas próprias MPE's ?
Outra pergunta fácil.
Por que o sistema educacional brasileiro, sobretudo no ensino superior, forma empregados e não empreendedores. Mesmo nos cursos de caráter administrativo, como contabilidade , administração, economia e outros, pouca ou nenhuma enfase é dada ao tema empreendedorismos. Em plena era de investimento estrangeiro maciço no país, quando o Brasil tem empresas nacionais que estão entre as maiores do mundo em seus setores e novos empresários brasileiros entram no ranking dos mais ricos do mundo a cada ano, ainda vemos a velha mentalidade do "faça concurso público e ganhe estabilidade", ou ainda, "seja empregado de uma grande empresa e garanta excelentes benefícios".
Imagine agora se após estágios e experiências profissinais em grandes empresas, alguns dos melhores alunos de universidade pegassem seus conhecimentos especializados, sua criatividade, sua mega bagagem de informações própria da geração y , toda sua energia da juventude e começassem a tocar projetos de novas empresas ? O Brasil teria com toda certeza um surto de novos bilionários , megaempresas, e o controle de novas tecnologias. Por que afirmo isso com tanta segurança? Simples!!!Basta fazer uma leitura da economia mundial para perceber que foram em empresas de garagem montadas por estudantes ou recém formados, suas esperanças e nenhuma estrutura, que surgiram os titãs do capitalismo mundial contemporânio. Exagero?! Não mesmo! Só para citar os exemplos mais emblemáticos, foram assim que nasceram a Microsoft, a Aplle, e a Google. A última inclusive surgida numa experiência que fazia parte de uma tese de doutorado.
E porque então mantemos a mentalidade tacanha de procurar a comodidade, se o estímulo ao empreendedorismo entre os jovens seria bom para o governo, para os próprios jovens e para a nação como um todo. Bem, eis a pergunta difícil que ficará sem resposta, pelo menos até o próximo post.

O dinheiro e eu !

Quando criança, minha mãe era professora de escola pública e meu pai trabalhava em construção civil, e a relação deles com o dinheiro era (por assim dizer) conflituosa. Assim, cresci num lar onde era instigado a estudar, "Conhecimento é poder meu filho!", "Estude muito para que um dia você tenha um bom emprego!".
Quanta felicidade meus pais não sentiram quando aquela criaturinha pequena, diria até minuscula para os padrões da minha idade, e gordinha para completar o pacote, foi adiantado de série repetidamente logo nos primeiros meses de escola diante de exclamações dos professores: "Nossa como ele é inteligente!", "Ele já sabe somar e diminuir perfeitamente e só tem 3 anos!", " Já escreve e lê tão bem tendo pouco mais de 4 anos!", até o cumulo do "Ele poderia perfeitamente ir direto para o primeiro ano primário já que está completamente alfabetizado, mas ele só tem 5 anos e é muito pequeno, ele pode não se adaptar aos colegas mais velhos!".
Mal sabiam os professores que aquilo tudo era resultado de horas de estudo com meu pai que encontrara uma maneira muito engenhosa de me ensinar aquilo que ele próprio tivera muita dificuldade de aprender.
Mas, o fato é que apesar de todo aquele potencial minha mente havia sido condicionada que eu deveria estudar para trabalhar. Minhas leturas de juventude, horas de frente para o discovery channel e para a bloomberg, canais aos quais adolescentes rarissimamente assistem, eram todas canalizadas para me preparar para o sucesso na carreira.
Assim logo no inicio do curso superior comecei a estagiar e a receber os elogios de professores e chefes. No entanto, anos depois das primeiras experiências na escola, os elogios já não estimulavam tanto. Enquanto trabalhava minha mente sonhava em conhecer a Europa, a arte renascentista, os canais de veneza, os prédios séculares das igrejas européias, as belas praias da austrália, as motanhas e bosques da nova zelândia, tanta beleza a que fui apresentado através da tela do computador ou da televisão e que para mim parecia cada vez mais distante.
Até que um dia, numa época em que andava quase depressivo por que a promessa de meus pais não se cumpriram e o estudo e trabalho árdua longe de realizar meus sonhos, transformavam-se no máximo em um tapinha nas costas e um novo trabalho a fazer, um amigo me deu um exelente conselho "Dê uma lidinha no livro Pai rico, Pai pobre, talvez essa seja a solução para seus problemas!".
Devo lhes confessar que a leitura do livro foi uma experiência transformadora! Mas a principal lição apredida foi a de que eu estava no caminho errado. Isso mesmo. Depois de tantos anos, tapinhas nas costas, e elogios vazios, eu estava no caminho errado! Em quê exatamente eu estava errado?! Eu havia, durante toda a vida, que no meu caso não era muito extensa mais significava muito para mim, me dedicado a me preparar para o trabalho. Por que isso é errado?! Ora!Se eu queria realizar meus sonhos e estes estavam condicionados ao dinheiro que deveria possuir para realizá-los, eu tinha então que aprender a ganhar dinheiro e não a trabalhar. E era só olhar para meu contra cheque no fim do mês para perceber que mesmo que me desfizesse de todas as necesidades pessoais, incluindo as biológicas, e estourasse todo o meu ganho do mês talvez eu conseguisse pagar uma passagem de ida para a Europa, mas só talvez, e numa classe econômica.
Como passar fome em um país estrangeiro sem condições de retorno para casa não é nem de longe meu sonho de consumo resolvi então seguir o conselho do livro e aprender a ganhar direinho e fazer o dinheiro trabalhar para mim...

Uma grata surpresa nas eleições


Quando começava a se desenhar o quadro de candidatos para as eleições 2010 e o PV convidou a Marina Silva para ser candidata, muitos imaginaram que seria apenas uma estratégia para fortalecer a imagem do partido. O maior beneficíado seria o PSDB uma vez que Dilma poderia perder alguns votos de eleitores históricos do PT, descontentes com o gaverno Lula, para essa candidatura de uma mulher cuja história de vida se assemelha em muitos pontos com a do presidente que se transformou numa espécie de ícone de um partido.
No, entanto, com o bom uso de recursos alternativos, principalmente da internet e das redes sociais, a Marina Silva foi se aproximando lentamente do eleitor e se transformando aos poucos simplesmente em Marina, o programa de governo que inicialmente parecia se resumir a propostas de cunho ambiental foi assumindo maiores proporções e agregando idéias de seus prórpios eleitores que se transformaram num novo tipo de militância, uma militância virtual, que não apenas faz twittaço, mas diz à candidata que tipo de Brasil quer ter e opina na formação do programa de governo gerando uma relação estreita, que cria um vínculo de identidade entre eleitor e candidato.
A candidatura de Marina acabou ficando a cara da politica séria e equilibrada que é a candidata, e começa a criar na juventude uma espécie de esperança utópica de que tudo, do dia pra noite, pode ser diferente.
Embora não seja dado a acreditar em utopias e seja obvio que esta candidatura não deve passar do primeiro turno, marina demonstra ter um futuro político longo e promissor. Ela merece ser aproveitada no governo do(a) futuro(a) presidente do país seja ele(a) quem for, na condição de porta voz das crenças, anseios e esperanças da juventude, condição essa conquistada com mérito.

Por quê não esperar?

Entre ânsias e agonias cabe a pergunta, por quê não esperar? Ultimamente eu vinha sendo aflingindo pelo mal que assola grande parte da juventude, a urgência. Essa gana exarcerbada por sucesso e reconhecimento que invade quem vive a vida a 300 por hora entre trabalho, faculdade, projetos pessoais, e zilhões(que palavrinha feia) de idéias inovadoras que não saem do papel.

No entanto, levando em consideração as horas de esforço em busca do sucesso, consideremos aí 10 horas no expediente de trabalho, mais 4 na faculdade, os deslocamentos e o estudo em casa, o que me tomam por volta de 16 horas por dia que somadas às 6 horas de sono ( à muito tempo não durmo 8 horas) totaliza 22 horas me deixando apenas 2 horas de folga para viver, nas quais estou geralmente dedicado às necessidades fisiológicas ou preocupado demais com trabalho/estudo para me interessar por qualquer outra coisa. Então se os resultados financeiros e de reconhecimento estivessem de fato chegando será que eu teria tempo para desfrutá-los?

O mais desesperador de tudo é perceber que essa corrida maluca é em busca de objetivos derivados de padrões de consumo e de imagem imposto por uma sociedade autodestrutiva que se consome em si mesma e não dá mais conta das anomias sociais que a infestam. Da violência, passando pela corrupção e chegando à pobreza e a fome, temos a imagem do ser humano que esquece de ser humano para ser uma cifra, um título ou estereótipo.

Por isso estou oficialmente dando um chutão nos projetos e às preocupações com a carreira( ao menos durante essas férias de inverno), estarei me dedicando um pouco a ler meus livos que abandonei, a ver os amigos que não visito mais com aquela frenquência, e abeijar minha esposa mergulhando bem fundo naqueles olhinhos verdes de atriz de cinema, e quem sabe pegar minha moto e ir para a bela orla de atalaia admirar as estrelas.

A carreira que me espere, a desacelerada é mais que necessária. Não quero corre o risco de vir a óbito antes de desfrutar plenamente do sabor de viver.

Eleições Sergipe 2010


Lembro-me de minha época de movimento estudantil, mais especificamente de uns 6 anos atrás quando assumi a presidência da grêmio do Colégio de Aplicação. Na época, nos deparamos com a falta de organização e estrutura, e numa manhã de sábado fizemos o levantamento da situação: atas de reuniões inexistentes, estatuto arcaico (da época da fundação do grêmio), nenhuma estrutura de mobiliário (ao menos algo que pudesse ser utilizado), Inexistência de computador, nenhum controle financeiro e caixa zero.
A partir daí levantamos o mutirão. Criamos modelos de atas para as diversas reuniões, Reativamos as reuniões com o conselho de classe, Montamos comissão para reforma do estatuto que contava com estudantes e membros do conselho, pleiteamos e conseguimos doações de movéis em melhores condições junto à direção da escola e à prefeitura do campus, assim como uma sala melhor adaptada ao exercício das funções do Grêmio, reformamos um computador doado e conseguimos acesso a internet, criamos planilhas de movimento financeiro e disponibilizamos caixa através de doações por parte dos membros da diretoria, e lá se foram seis meses de gestão investidos em criar condições de trabalho.
No fim das contas as ações que só renderam frutos posteriores, e facilitaram a vida da gestão seguinte foram considerados inúteis pelos alunos acostumados com o barulho das festas e das manifestações (essas nem sempre com próposito). Fomos considerdos uma gestão que nada fez.
Hoje, vejo numa esfera maior algo semelhante acontecer com outra pessoa. O Governador Marcelo Déda têm recebido críticas de ter criado um governo de um ano só. Tal argumento só pode ter se originado de pessoas que não acompanharam a profunda reforma administrativa que se passou na administração pública sergipana, modernizando as instituições e os processos, enfim criando condições para um trabalho com mais eficiência.
Conseguir governar dentro da turbulência de uma grave crise econômica que reduziu severamente a arrecadação do estado e ainda proporcionar aumento salarial real a muitas categorias, em alguns casos originadas de leis federais como no piso salarial dos professores, e em outros por iniciativa própria como no caso dos policiais, me parece uma conquista originada da atualização do serviço administrativo que agora permite alcançar mais com menos.
Talvez o cenário econômico não tenha permitido a Marcela Déda ser o Governador das grandes obras, sobretudo das que irresponsavelmente deixam uma dívida enorme com a qual os governos seguintes terão que arcar, mas imagino que se tanto avançou e foi conquistado em condições tão desfavoráveis, como não será um Governo Déda no belo cenário econômico de crescimento e estabilidade que se desenha no horizonte.